quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pólen


Havia passado 2 anos desde aquele confuso término de namoro. Isabel ainda lembrava e sofria vez ou outra, recordando os momentos que passara com Vinícius. Ela o considerava especial, apesar de tudo o que aconteceu. Quando Isabel conheceu Vinícius, estava decidida a não ter mais medo de entregar seus sentimentos, de demonstrá-los; pois até ali, a postura "não vou me envolver" não tinha dado bons resultados. Quando começaram a namorar, Isa estava feliz e acreditava que havia encontrado o homem certo, já sonhava até em ter uma família com ele. Já Vinícius era um cara "boa pinta", bonito, atraente, até divertido - se considerarmos que Isa estava apaixonada e portanto, achava graça em tudo que Vinícius dizia. Isabel era uma novidade p/ ele: uma mulher bonita, elegante, que já tinha uma certa estabilidade financeira, frequentava teatros, participava de recitais, saraus, era poliglota...Enfim, uma mulher diferente das do universo de Vinícius. Os dois divergiam nos gostos, preferências. "Mas isso é besteira" dizia Isa. Mas bem certo é o ditado que diz que somos feitos de nossas escolhas, e nossas escolham dependem de nossas preferências. "O amor é cego" dizia Shakespeare; digo mais: o amor, além de cego, é surdo. Os amigos de Isabel alertavam-na para o perigo dessa relação, mas Isa, sempre pensando positivo, acreditava que Vinícius poderia surpreender a todos e mostrar que a relação dos dois iria dar certo. Até deu, por um certo tempo. Mesmo com as desconfianças e suspeitas. Chegaram até mesmo a noivar. "Nossa, a Isa casando..." pensavam seus amigos. Estava indo tudo bem...Até que, de repente, tudo virou ao avesso: Vinícius relutava com a idéia do casamento, andava estranho...Isabel desconfiou e descobriu que tudo não passou de uma grande mentira. Descobriu ainda que Vinícius sempre estivera com outra. Nossa, que decepção! Isabel sofreu tanto...A dor de saber que tudo, absolutamente tudo, era pura mentira.E ainda mais: a traição...caso antigo; Isabel fora uma breve brisa que veio de longe, se aventurou a voar mais baixo, carregou consigo uma folha - mas folhas pertencem a terra, então, a folha voltou ao chão, atraída pela gravidade e a brisa voltou a voar sozinha. Isa adorava analogias e era boa em fazê-las. Mas voltando ao desfecho da estória...Isabel, que acreditou tanto naquele namoro, ficou bastante triste, sofreu, chorou - muitas vezes de raiva, por ter se deixado enganar. "O tempo cura." "Tudo passa." E dois anos depois de tudo, Isabel encontrou com Vinícius. Ele está diferente, mais maduro talvez...e casado! Nossa, não é que ele casou com a Tatiana? Isabel se surpreendeu, afinal, pensou que revê-lo seria ruim, mas não, foi renovador, pois Isabel teve a certeza de que os dois nunca iriam dar certo, e que Tatiana era bem o tipo de Vinícius; eles realmente davam certo: os dois "boa pinta", bonitos (se bem que Isa achou Tatiana meio vulgar), atraentes (também, com os decotes que Tatiana usava...), até divertidos. Moravam em uma casa modesta, ele continuava no mesmo cargo de dois anos atrás, ela, dona de casa. Sim, eles eram felizes, mas Isa percebeu que não queria esse tipo de vida e que Vinícius realmente não era o homem certo. Hoje, Isabel é funcionária federal, possui uma bela casa, carro importado, uma ótima vida. Ainda não achou o homem certo, mas agora, mais madura, não tem pressa e muito menos medo, pois ela sabe que Vinícius fora apenas uma prévia, o melhor está por vir. Como a própria Isabel diz:"sou como uma brisa, e brisas que voam mais alto carregam consigo polens : são mais difíceis de se ver, porém, são leves e por isso são capazes de acompanhá-las. Folhas tem aos montes, são mais pesadas e tendem sempre a voltar ao chão."

Um comentário:

Riceli 'Krol' Chacon disse...

Adoorei a história, Ju, e a analogia ao polém tá perfeita!! Ah, e o template tá lindo!! Cara de cardeno ^^ Bj