sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Onde fica Pasárgada?

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho o homem que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone à vontade
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei o homem que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

sábado, 11 de setembro de 2010

Três, quatro.


Paixão, tesão, compreensão, acomodação, diversão...
Pena esses elementos não estarem em uma pessoa só.
Tenho que me dividir em tantas...
Ir e vir muitas e muitas vezes,
Chegar lá.  
Voltar.
Equilibrar os pensamentos, sentimentos,
cada um no seu lugar.
Saber o que cada um quer, e o que eu quero de cada um.
Ter consciência de que um já foi, outro está sendo e outro poderá ser.
Não necessariamente assim.