quinta-feira, 30 de julho de 2009

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra"

Carlos Drummond de Andrade.

Você é como uma pedra no meio do caminho; eu estava feliz, de salto, não vi quão grande vc era e tropecei.
Caí, de início achei engraçado, divertido - nunca mais tinha tropeçado - todo mundo riu comigo e, naquele momento, eu fiquei feliz, dando gargalhadas.
Só que há um problema: as pedras não te devolvem a alegria porque são seres inanimados, podem até ter uma certa beleza, serem atrativas, mas são como objetos colocados em seu caminho, que tiveram a sorte de estarem ali, pegar alguém desprevinido e de salto, que foi lá e caiu.
Depois das risadas, começei a sentir um desconforto...uma estranha dor nos joelhos e no meu pé...Será que eu o fraturei? Não, não, foi só uma torçãozinha. Foi porque a dor de início foi tão forte que eu pensei que tivesse sido algo mais grave. A dor estranha nos joelhos...sim, quando os reparo, vejo que os machuquei, estão arranhados e um deles até sangrando um pouco.
- Ora mais que droga! Eu reclamei. "Por que essa pedra foi aparecer no meio da minha caminhada? Tava tão boa..."Ah! Mas eu vou me descabelar por uma pedra? Que por sorte dela conseguiu atenção (mesmo nessas circunstâncias) de uma mulher, mas que estava distraída na hora? A pedra estava no meio de uns arbustos, por isso não a vi claramente. Mas depois da queda, vi que era só uma pedra.
Ainda caída no chão, olhando meus joelhos e meu pé que nem tinha torcido de verdade, o qual já estava sem dor, vejo que há várias mãos me oferecendo ajuda, e ainda, aquelas que vinham comigo e me alertaram do perigo de haver uma pedra, mas eu, na minha inocência respondi:" Não, há só um arbusto ali, eu o atravesso..."
Meus joelhos doem, justo na hora em que precisava deles perfeitos. Mas o quê posso fazer? A pedra estava ali, e eu acreditei só na maciez da grama.
As mãos continuam lá, estendidas. Pego uma, consigo quase me levantar, mas aí sinto o pé reclamar de novo..."Mas ora! Pensei que já tinha passado!" Fraquejo...Mas há tantas mãos ali, pego outra, consigo ficar de pé, mas fico mancando por causa dos joelhos e do pé. Alguém diz: "P/ pé tem o engesso e p/ joelhos band-aid." É verdade! Alguém os providencia e cuida de mim...Agora, é só dar tempo ao tempo p/ que o pé, agora imobilizado, se cure, e os joelhos cicatrizem.
Logo, logo, voltarei a dar minhas caminhadas, de salto, com tudo perfeito novamente: o pé em perfeito estado (tratado com fisioterapia e alguns analgésicos) e os joelhos sem nenhuma cicatriz.
Mas fico alerta: cuidado com as pedras! São só pedras, mas podem causar danos maiores se não houverem mãos p/ te levantar e , o mais importante: se não houver a vontade de ficar de pé.
Da próxima vez, já não vou estar tão distraída e tomarei cuidado quando vir um arbusto: passarei entre ele com dobrada atenção, pois, se houver uma pedra, eu simplismente passarei por cima dela.