sábado, 19 de setembro de 2009

Realidade


Contemplava o teto como se pudesse ver através dele o céu estrelado e a lua. Estava inebriada, bêbada daquela sensação maravilhosa. Fechava os olhos e sorria, como que para intensificar aquele prazer. Ao meu lado, adormecido, estava ele. Também sofrera os efeitos daquele ato, daquela explosão, e agora dormia como uma criança que havia brincado o dia inteiro e estava exausta. Como ele era lindo! Mesmo com seus olhos fechados - que escondiam aquele intenso azul; aqueles olhos sempre astutos, que o revelava, que representava exatamente o que era e o que sentia -mesmo com os cabelos desgrenhados, alguns fios cobrindo-lhe a testa suada. Mesmo todo esparramado - metade em cima de mim - ele era lindo. Dormia tão profundamente que só via o movimento de sua respiração suave; não se mexia um milímetro, mesmo eu estando ali, inquieta, alerta, totalmente acordada. Virei-me para ele, para ficar mais próxima, encostei levemente meu rosto em sua barba e fiquei espiando para ver se ele não acordaria...Que nada! Apenas deu um suspiro e continuou a dormir.
Então, me aninhei delicadamente em seus braços relaxados, peguei o edredom e me cobri.O sono começou a chegar e começei a sonhar ainda meio acordada com o que acabara de acontecer. Meu corpo reagiu, estremeceu e soltei um gemido baixinho...Ele sentiu e vi seus olhos curiosos me questionarem, junto com seu sorriso malicioso:- O que foi?
- Estremeci - respondi com o mesmo sorriso malicioso. Ele se fez de bobo:
-De frio?
Dei -lhe uma olhada como só eu sabia fazer nessas horas, mordendo o lábio...Ele solta uma gargalhada daquelas e só responde:
-hmmmmm.
Foi a minha vez de perguntar:
- O que foi?
- Nada...
- Hunrum...sei...
- Vem cá...
Me abraçou, olhou em meus olhos, acariciou meu rosto, meus cabelos, meu pescoço, beijou minhas orelhas, bochechas, pálpebras, seios, lábios...lhe retribuí com todos os carinhos que uma mulher apaixonada é capaz de criar...' "eu te contemplo" "eu também".
E lá estávamos nós, entre as estrelas; dedos entrelaçados, assim como nossos corpos...
O despertador apita às 6:00 em ponto em um pleno sábado.
Acordo com um suspiro, me espreguiçando lentamente...olho para o lado...só vejo meu labrador de pelúcia.- Ah, a realidade!


ps: lendo muito "A irmã de Ana Bolena"!

Nenhum comentário: