segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bougies d'anniversaire

"Angustia" Oswaldo Guayasamín.


Paris, lundi, 24 Août 2009.



Mon Amour,

Tous les lundis (todas as segundas),Je pense que cette angoisse (eu sinto essa angústia)...
- Amélie, permettez-moi de traduire, en portugais est meilleur."(Amelie, deixa eu traduzir, em português é melhor.)
- Oh! pardonne-moi, oui, oui" ( Me perdoe, sim, sim).
- Quand vous voulez, Miss. ( Quando quiser, senhorita.)
- Oui, merci.

"Todas as segundas, eu sinto essa angústia. Ela vem de repente e, quando dou por mim, já estou completamente cheia dela.
Essa angústia que mesmo sem eu querer, me faz lembrar você, pois você é a causa disso tudo.
Fico me perguntando o porquê de ser sempre as segundas, e daí eu me lembro que deve ser porque eu esperava demais pelas segundas, pois nos finais de semana não nos víamos. Lembro-me que ficava nervosa, com as mãos gélidas, meu coração disparava e meu corpo tremia...
Só que essas sensações ainda não me abandonaram, e toda segunda eu as sinto, ou toda vez que tu me vens à cabeça. A diferença é que nas segundas a dor vem primeiro, fazendo com que de maneira cruel , eu me recorde de ti.
Como disse na carta anterior, que minha amiga traduziu para vocês, já não choro mais, porém, sou tomada por lembranças e questionamentos. Sempre peço para ela por minhas dores aqui, em forma de palavras, e assim me sinto melhor. Agradeço àqueles que sempre as lêem.
Também me lembro de ter dito que o meu amor havia sido platônico, mas, na verdade, foi mal correspondido...
Dia desses estava conversando com um amigo, e ele me disse que eu só fiquei assim, que eu só estou assim porque criei expectativas demais. Doeu, doeu ainda mais quando ele me disse que tu me deixastes porque realmente gostava da outra menina. Também me disse que era porque não era para acontecer.
Tudo bem...já to acostumada a sempre não acontecer.
Sinto falta. Falta de ter um companheiro. Mas sempre fui só mesmo... ("Ce drame, Amélie!")
- Mais vrai!(mas é verdade!)
- Tá. Desculpa. Continue.
- Você tem razão, minha amiga, é porque dada as circunstâncias atuais, isso tomou proporções muito maiores, desde o começo, inclusive. Mas saiba que estou tentando dar a volta por cima, estou mesmo, mesmo que às vezes eu tenha algumas recaídas...Não quero deixar minha família e nem meus amigos preocupados, só quero que saibam que me esforço ao máximo para combater essa tristeza. Ela já existia, pois sempre fui uma pessoa um pouco carente ("Je ne sais pas si c'est le bon mot ... " - Tudo bem, deixa 'carente' mesmo.), não por falta de carinho, mas por sempre querer tudo perfeito. E quando acontece algo do tipo, é como se SÓ aquilo fosse me completar...Mas claro que não é verdade, o que seria de mim se não fossem meus amigos e minha família?
Agora vou tratar minha vida como se fosse um bolo de dois andares: no primeiro , está minha família, meu alicerce. No segundo, meus amigos. Tratarei meus amores como velas de aniversário: só são colocadas uma vez por ano; têm sua importância, pois representam concretamente o começo de uma nova fase, fazem parte daquele bolo por alguns instantes, como se o bolo só fosse completo com elas, mas que derretem, se apagam e precisam ser substituídas. As velas não interferem no sabor do bolo( a menos que você deixe a vela derreter tanto, que ela vai afundar e deixar o bolo azedo..."A angústia! Você é demais, Amelie" - eu grito.) e enquanto não chega outro aniversário, elas são completamente dispensáveis.

Avec amour, Amélie. "





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