Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho o homem que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone à vontade
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei o homem que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira
4 comentários:
Fica lá no meu quintal!! huhuh Ju danada! tem q atualizar meu endereço do blog nos blogs q tú segue! www.krolrice.blogspot.com ♥
adoreio blog, estou dicionando :)
;)
Eu fiz uma paródia desse poema...
Fica naquele ultimo suspiro irônico de tristeza =]
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